segunda-feira, 16 de março de 2015

"Memórias de um Professor"

Sim, a rua era minha...
Professora Daniela Cristina de Abreu Trevisan

        Cresci ouvindo e cantando uma música inocente e melodiosa:"Se essa rua, se essa rua fosse minha, eu mandava, eu mandava ladrilhar com pedrinhas, com pedrinhas de  brilhantes, para o meu, para o meu amor passar". Mudei-me muito cedo para a Rua Aristides Vasconcelos Leite e ali passei meus melhores momentos na infância. Não sei precisar se era ladrilhada ou não, se as pedras eram brilhantes ou não. Mas, certamente, aquela era a minha rua! E na minha rua quantas brincadeiras alegres, inocentes e plenas de significado aconteceram.
        Eu, minhas amigas e meus amigos nos reuníamos nas rua. A minha rua ficava repleta de de crianças. Os sons eram os mais diversos: músicas cantadas num ritmo que só nós sabíamos, gritos de uma comunicação presencial, mas sempre em altos brados, correria de inimigos imaginários. Sim, tinha amigas para toda a vida e algumas delas, de fato, são amigas em minha vida toda. Ali aprendi andar de bicicleta, ali caí meus primeiros tombos, ali chorei de dor em virtude dos machucados, ali meu coração bateu mais acelerado pelo meu primeiro paquera, ali me decepcionei pela primeira vez.
        Mas um fato era marcante: embora as brincadeiras fossem intensas e deliciosas, havia um momento em que era interrompidas: quando os pais nos chamavam para entrar. Sem questionar, todas as crianças iam exaustas, algumas vezes feridas, mas todas, sem questionar, iam para as suas casas. E, do burburinho que até então agitava a rua, nada mais se ouvia. Apenas o silêncio e o barulho dos grilos que anunciavam a noite com sua melodia. Na casa, o aconchego de estar em segurança, com pai, a mãe e os irmãos, levando bronca por alguma arte praticada ou compartilhando alegremente as aventuras ocorridas na minha rua.
                                                                           "Projeto Meu Primeiro Livro" 

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